domingo, 23 de novembro de 2008

Joy Division e LGM

Fui conhecer Joy Division pouco tempo atrás, graças ao excelente documentário... "Joy Division". Não que eu não conhecesse, mas não sabia quem eram - já ouvi músicas, ouvi falar de Ian Curtis e sua história, vejo como referência de bandas que gosto. Se perguntado mais a sério sobre eles, responderia com o padrão "não gosto de uma banda, gosto do estilo", querendo dizer "não sou fã nem fanático por nada", e sendo ouvido como "sou um ignorante que sequer conhece as bases do rock". Se alguém pensava isso de mim, estava (e continua estando) certo.

<vergonha>Nem sabia que, após a morte de Curtis, a Joy Division tornou-se a New Order, que ouço até demais. </vergonha> O primeiro álbum deles, Unknown Pleasures, traz na capa um gráfico que confirma, em parte, minha teoria de que a ciência é feita para criar figuras bonitas.

Unknown Pleasures, 1979

Esta é uma seqüência temporal de amostras, em rádio, dividida em cem períodos iguais, distantes 1,337 s um do outro (o eixo vertical da imagem). A periodicidade desses pulsos é impressionante, "tão regulares", diz a Cambridge Encyclopedia of Astronomy, de onde a figura foi retirada, "que os flashes podem ser usados como um relógio preciso em uma parte por 100 milhões". Descoberto em 1967 em Cambridge, os descobridores logo se viram com uma potencial prova de vida extraterrestre.

O apelido que seus descobridores o deram foi LGM-1, para little green men, ou homenzinhos verdes. Eles esperavam poder mostrar que a fonte dessas emissões de rádio eram perfeitamente naturais, mas e se não fossem? Segundo o relato da astrônoma que fez a descoberta, "é um problema interessante. Se alguém pensa que detectou vida em outro lugar, a quem divulgar os resultados de modo responsável?".

Finalmente, no mesmo dia em que ela debateu sobre esta questão, acabou detectando pulsos similares de outra parte do espaço. "Era muito improvável que dois punhados de homenzinhos verdes iriam escolher a mesma e improvável freqüência, ao mesmo tempo, para sinalizar algo para o mesmo planeta Terra", diz ela. Mais tarde foi comprovado que se tratava de um novo tipo de criatura celeste, um pulsar. Pela rotação que apresentam, emitindo um jato focado de radiação, eles são freqüentemente comparados a faróis.

Pensando nisso, em uma mensagem enviada ao espaço por Carl Sagan, lê-se a posição da Terra referente a vários pulsares, esperando que os aliens entendam do que se trata e consigam triangular nossa localização. A mensagem está em um meio um pouco lento - as sondas Voyager -, e bastaria saber de onde a nave parece ter vindo para nos encontrar. A mensagem contém uma vasta gama de registros da vida e da cultura na Terra. Entre esses registros, está a música de ninguém menos que...

Disco de ouro das Voyagers. A posição da Terra se infere por esses raios no canto inferior esquerdo: no centro está a Terra, nas pontas, os pulsares mais próximos.

...Chuck Berry, com Johnny B. Goode. =) As sondas foram lançadas em 1977, dois anos antes de Joy Division lançar seu álbum. Seria uma ótima finalização para este post, mas talvez numa próxima possamos fazer um LGM saber o que é uma boa deprê.

2 comentários:

BKim disse...

No post anterior falei por cima sobre as Voyager, que além de serem uma garrafa no oceano cósmico, [...]

a Deborah disse...

Muito bom o post, adoro ciência e arte, pena que não tem atualizado o blog... é muito bom!!!
abs